terça-feira, 18 de dezembro de 2012

CAP. 24 – DESABAFO


A história de Fabiano era bem triste... que dor ele não sentiu ao acordar num quarto de hospital, machucado, cheio de dores e ainda descobrir que sua família não existia mais.

Percebendo que me contar sua história estava ajudando a acalmá-lo, deixei que continuasse e sentamo-nos no banquinho de frente para a lápide.

 Fernanda e Gaby foram veladas na capela do hospital. Alguns amigos vieram para o velório. Quando eu apareci todo enfaixado, senti que todos os olhares se voltaram para mim.

 Em outros tempos, eu diria que chorar na frente dos outros, era indelicado, mas naquele momento, eu não queria saber dos meus antigos pensamentos, só pensava na realidade que eu via diante de meus olhos... a minha família dentro de um caixão... era demais pra mim... chorei diante de todos eles, extravasando a minha dor!

 Meus pais me amparavam tentando me dar forças, mas eu queria estar ali com elas, não fazia sentido continuar vivendo, vendo minha família desfeita por culpa de um motorista desatento!

Meus sogros choravam a perda da filha e da neta  e não sabiam o que me dizer, nos abraçamos os três, irmanados na mesma dor.

Tirei alguns meses de licença para poder me recuperar e tentar esquecer essa tragédia. Fechei a minha casa e voltei a morar com meus pais, era insuportável chegar em casa e ver tudo vazio e sem vida!

 Eu me acostumei a ser sozinho, e de certa forma, me tornei uma pessoa calada, de pouca conversa. E então eu conheci você, que veio trabalhar na agência onde eu sou gerente e que também tinha uma história triste.

 No dia em que te vi gritar com o seu antigo noivo e começar a chorar, algo em mim me fez querer te defender! Pensei que naquele acidente, se fosse eu quem tivesse  morrido, a minha esposa teria ficado viúva com uma filha para criar ou talvez sozinha... e a mercê de encontrar um cara como esse Samuel... e então eu resolvi te defender pessoalmente e me aproximei de você! E foi a melhor coisa que aconteceu na minha vida... os meus dias já não são mais solitários e eu só tenho a te agradecer por isso!

Ao ouvir tudo que Fabiano dissera, senti um nó me apertar a garganta e limitei-me a abraçá-lo. Deixamos aquele lugar de tristeza e fomos para minha casa.

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