sexta-feira, 25 de maio de 2012

CAP. 13 – DESABAFO


Contratei dona Augusta para cuidar de minha casa e buscar Gabriela no colégio, assim fico despreocupada com o horário de saída do banco.

Faz mais de um mês que briguei com minha mãe e ainda não me animei a procurá-la, não posso esquecer de que ela me virou as costas no momento em que mais precisei, no sufoco da gravidez, no abandono de Samuel.

Precisei enfrentar tudo sozinha. Mesmo não dependendo dela para nada, enfrentei o seu desprezo por ser mãe solteira, e, nem três anos depois, ela é capaz de rever isso e ao menos tratar minha filha com carinho e compreensão. Eu posso ter errado, mas minha filha não tem que pagar pelos meus erros.

Não sei se algum dia procurarei minha mãe novamente. Meu pai é mais razoável e me visita de vez em quando. Não me trata como antes, mas ao menos trata Gabriela como os outros netos.

 No dia da briga, achei que meu pai voltaria a ser como antes, mas o antigo carinho durou pouco. Disse que minha mãe exagerara na briga, mas que eu também deveria entender, pois realmente lhes dera um desgosto com a gravidez.

Tem dias que me sinto sem forças e sem vontade de lutar, mas quando olho Gabriela com seu sorriso encantador chamando minha atenção para tudo, eu me obrigo a renovar os ânimos, pois tenho uma criaturinha linda para cuidar, é por ela que eu vivo, que eu arrumo forças dia após dia para enfrentar todos os desafios.

Outro fator que agora começa a me angustiar, é que Gabriela começou a perguntar pelo pai... ela vê as coleguinhas da escola chegando e saindo com o pai e não entende por que somente eu ou dona Augusta aparecemos para buscá-la.

O que vou fazer agora ? Não sei por onde Samuel anda... e pensar em procurá-lo me causa repulsa na alma. Me fez sofrer demais...




quarta-feira, 23 de maio de 2012

CAP. 12 – GABI VAI PARA A ESCOLA


Dez de fevereiro... levantei e fui acordar Gabi para deixá-la no colégio, foi seu primeiro dia de aula.

Ela estava eufórica com os materiais que ela quase me enlouqueceu para comprar: mochila, lápis e borracha perfumados... tudo cor de rosa e delicado como ela.

Deixei minha filha com a professora, e, ao contrário das outras crianças que choravam desesperadas abraçadas à mãe, Gabi me deu um beijo e disse que eu já poderia ir. Todos os pais riram e eu fiquei mais aliviada com o comportamento dela.

Trabalhei o dia todo e no fim da tarde busquei minha pequena que estava exausta e foi dormir cedo.

Pela primeira vez eu me vi com tempo livre para descansar totalmente. Cheguei até a estranhar o silêncio que ficou pela casa.

Peguei a caixa onde estavam os velhos diários e os cadernos e me emocionei quando me deparei com um de capa amarela... cheio de recadinhos carinhosos dos amigos... bateu uma grande saudade daquele ano que passou tão depressa.

A***, 15 de fevereiro de 1995
DIARY
Hoje eu comecei a sétima série... somos a segunda turma mais velha do colégio... nossa turma fez a maior festa e logo no primeiro dia enlouquecemos o professor de matemática! Ele é um mala! Chato pra caramba!
Amanhã tem escolha de líderes! Tenho certeza de que as meninas vencerão outra vez!!!!!




sábado, 19 de maio de 2012

CAP. 11 – O VELHO CONFLITO REAPARECE


Hoje eu senti meu coração parar no peito como nos tempos de minha adolescência!

Deixei Gabriela com meus pais e fui trabalhar. Na volta, minha mãe estava estressada, pois Gabi havia quebrado um objeto.

Minha garotinha pediu colo e disse que a vovó havia brigado. Me fechei no quarto com minha mãe e a nossa conversa foi difícil:

- Mãe, o que a Gabriela fez de tão errado para que a senhora fique furiosa deste jeito ? Por causa de um enfeite de porcelana ??? Eu posso comprar outro igualzinho!!!

- É bom que você compre outro mesmo! Não sei como você pôde ter sido tão irresponsável e ter se tornado mãe solteira! Agora tem que conviver com essa menina que é uma peste!

Senti uma punhalada no coração ao ouvir minha mãe se referir à Gabriela daquela maneira...

- Mãe, aconteceu, eu não era nenhuma garotinha, já era uma mulher independente, com vinte e sete anos! Não te pedi para me ajudar a criar minha filha, ela só está ficando aqui enquanto não começam as aulas na escolinha, e tem mais, ela não está aqui de graça não! Estou pagando para que a senhora cuide dela, pois nem mesmo isso pela sua neta a senhora pode fazer!

Minha mãe me olhou com desprezo, o que me feriu profundamente...

- Não me interessa se você me paga ou não! Comigo essa menina não fica mais!

Senti meu coração ser arrancado do peito... entendi que minha filha jamais seria tratada como os primos que tinham tudo com a avó.

Peguei Gabriela e fui para casa e meu pai chegou logo atrás de mim. Abraçada a ele, chorei como uma criança... será que minha mãe jamais perdoaria minha gravidez ??

Na época, cheguei a mudar de cidade para não aguentar as humilhações dela.

Meu pai conseguiu uma senhora que ficaria com minha filha enquanto eu estivesse no serviço.

Gabriela ficou magoada e não quis dormir sozinha... passei a noite toda alisando seus cabelos pensando na difícil situação de ser mãe solteira... quanto preconceito eu ainda haveria de encontrar...??



domingo, 13 de maio de 2012

CAP. 10 – O BANCO


Seis horas da manhã... o despertador toca insistente e preciso me levantar. Acordo Gabi que ficará com minha mãe até que comecem as aulas.
Me apresentei no banco às oito horas da manhã.

Meus colegas foram receptivos, me mostraram tudo no banco e me explicaram costumes dos principais clientes.
O dia de trabalho foi cansativo, mas gostei do ambiente e das pessoas.

No final do expediente, meus colegas me convidaram para um happy hour, mas precisei declinas do convite, pois tinha que passar o resto de tarde com minha filha.

Ao chegar a  casa dos meus pais, Gabi já me aguardava sentadinha na varanda, impaciente com a mochilinha nas costas.
Quando me viu no portão, correu ao meu encontro pedindo colo. Me despedi dos meus pais e segui com Gabriela para casa. Percebi que minha mãe estava com cara de poucos amigos e temi que Gabriela tivesse feito alguma coisa.

 Olhei para meu pai e entendi que o melhor era ir embora logo.
Em casa tomamos banho e fomos ao mercado. Minha garotinha quase me enlouqueceu querendo levar o mercado inteiro para casa.
Mais tarde enquanto Gabriela brincava com suas bonecas, aproveitei para ler outras páginas do meu velho diário...

A***, 27 de Outubro de 1994


Diário, hoje começaram as olimpíadas inter-colegiais. O colégio estava lotado de gente!!! Vieram alunos da escola M*** e da escola F*** e como você já sabe, existe a maior rivalidade entre a gente!!! Mas a escola F*** é e sempre será a melhor!!!!!

sábado, 5 de maio de 2012

CAP. 09 – UMA ESCOLA PARA GABI


Acordei Gabriela logo cedo, era preciso encontrar uma escola para ela. Felizmente, estou residindo na mesma cidade dos meus pais e minha mãe me indicou algumas de período integral, pois trabalhando o dia inteiro, preciso deixar a Gabi aos cuidados de alguém.

Depois de visitar duas escolas, me decidi pela primeira, “O Palhacinho”, onde Gabi estudaria o jardim de manhã e faria aulas de natação e balé a tarde.

Dentro de três dias deverei me apresentar no banco e Gabi ficará com os avós durante as férias.

A noite fomos fazer compras e jantamos na casa dos meus pais.

Em minha casa, antes de dormir, folheei o meu diário e vi a data de 11 de setembro de 1994, data de meu aniversário de 12 anos...



A***, 11 de Setembro de 1994

Diário,

Hoje foi meu aniversário de 12 anos. Meus pais alugaram um salão de festas e recebi meus amigos com pizza, lanches e doces.

Depois da janta, um DJ tocou músicas e nós dançamos a noite toda!!!

O Marcos me deu um urso lindo de presente e me pediu em namoro, só que eu não sei beijar e disse não pra ele! Tadinho... ele chorou... e agora,

O  que eu faço diário ????