terça-feira, 26 de junho de 2012

CAP. 15 – REMEXENDO VELHAS FERIDAS


Sai do shopping com a cabeça quente... Gabi esperneava dentro do carro e eu precisei  me controlar para não descontar nela a raiva que sentia de Samuel.

Tentei ir para casa, mas Gabriela gritava tanto que não tive escolha... respirei fundo e parei numa sorveteria. Convenci minha filha a escolher vários sabores, mas desde que fôssemos para casa. Ela escolheu como sempre, os sabores de chocolate, morango e leite condensado e me fez comprar caldas de caramelo para acompanhar.

Em casa, enquanto minha pequena se lambuzava de sorvete, eu deitei no sofá e pensei na terrível visão do inferno que tivera momentos atrás.

 Reencontrar o noivo que me abandonou grávida dizendo que não estava preparado para ser pai e ainda me ofereceu dinheiro para abortar... sorte minha não ter tido uma congestão ali mesmo!

Olhei Gabi que se ocupava ativamente do sorvete e sorri... como seria a minha vida sem essa criaturinha linda que encanta os meus dias ????

Depois de dar banho no minha anjinha e colocá-la para dormir, deitei em minha cama, mas não conseguia conciliar o sono... em minha mente, as lembranças de três anos antes me apareciam como fantasmas que assombram o sono de uma criança.

Fui até a estante onde estavam guardados os meus diários antigos e retomei a leitura de um deles, no dia da eleição de líderes... 17 anos depois, eu ria sozinha em minha cama relembrando a confusão que eu criei junto com as outras meninas.

A***, 16 de fevereiro de 1995
Diary,
Fiquei revoltadissima com o que aconteceu na escola hoje... os meninos fizeram chucho e ganharam as eleições para líder. As meninas ficaram passadas com o tratante do Diego... como ele pôde fazer isso ???? Chegou atrasado e ainda desempata votando nos meninos sabendo que a sala vai virar a maior bagunça!!! Estou revoltada!!!!!
Mas eles vão nos pagar, vamos fazer da vida deles um verdadeiro inferno!!!! Já que o comando da sala está nas mãos dos meninos, vamos atormentar ao máximo a vida deles!!!!!



quarta-feira, 13 de junho de 2012

CAP. 14 – A VOLTA DE SAMUEL


Cinco da tarde. Precisei correr para buscar Gabriela na escola e levá-la para lanchar no shopping, como havia prometido pela manhã.

Peguei minha pequena no colégio e fomos passear. Gabi, em sua inocência infantil, não tinha dó de mim e me puxava de um canto a outro querendo ver tudo de uma vez só.

Na hora do lanche, uma voz me chama e eu senti o sangue gelar nas veias quando me viro e me deparo com ninguém menos que Samuel, o noivo que me abandonara quando soube de minha gravidez.

Sem nenhuma cerimônia, ele se aproxima.

- Carolina!!! É você mesma ???? Você não mudou nada nesses últimos três anos!

Esquecendo de qualquer regra de boa educação, eu o puxei para longe de Gabriela e disse que não era preciso gastar vocabulário, pois não tínhamos nada para conversar.

Ele, cinicamente, apontou Gabriela e respondeu:

- Como não ? Aquela linda menina tem meu sangue... e pelo que percebo, meus olhos também...

Enfurecida, eu respondi:

- Fique longe dela! Você me abandonou grávida! Não tem direito nenhum de paternidade! Por sua irresponsabilidade, eu trabalho dobrado, enfrento o desprezo da minha família e o preconceito absurdo de alguns pais do colégio da Gabi!

Sem esperar novas respostas, sai do shopping o mais rápido possível, preferia que minha filha crescesse adorando um pai morto do que conhecendo um pai canalha.