O resgate ficou combinado para o dia seguinte. Quando Fabiano disse que
iria até o banco para fazer o empréstimo para pegar os dez mil reais que Samuel
passara a exigir, meu pai disse que não era preciso. Disse que a minha chácara,
presente de meu pai quando eu ainda era adolescente, estava intacta
e que ele vendera às pressas para levantar o dinheiro do resgate.
Fabiano e eu nos olhamos e eu comecei a chorar de alegria. Abracei meus
pais e e ali eu tive a certeza de que a partir daquele momento, eu tinha recuperado
a minha família.
Olhando em meus olhos, o meu amor me disse:
- Assim que a Gabi estiver de volta vamos nos casar na igreja, do jeito
que você sempre sonhou!
Eu nem podia imaginar que esse sonho ainda levaria um tempo para se
concretizar.
No local combinado, uma casa desabitada na saída da cidade,
esperamos Samuel aparecer. A polícia se manteve escondida para não dificultar a
entrega da minha filha. Ele chegou com Gabriela, que inocente, vinha
sorridente dizendo:
- Mamãe!!! Olha que ursinho lindo o tio me deu!
Eu corri para abraçar a minha filha, mas quando me voltei para entrar no
carro, senti que algo estava em minhas costas e ouvi Samuel dizer:
- Que comovente!!! Mãe e filha vivendo um momento de reencontro!!!
Ao ouvir que a polícia lhe dava voz de prisão, ele revirou os olhos e
num impulso me puxou para junto dele:
- Eu disse que não queria polícia! Agora escolha, ou você vem comigo ou
levo a menina de volta!
Sem pensar duas vezes, eu disse:
- Não faça nada com a Gabi!!!! Por favor!!! E me deixei arrastar para o
carro. E de dentro do veículo, Samuel gritou:
- Levarei a Carolina para ter certeza de que não irão me perseguir!!
Gabriela olhava tudo assustada e se encolheu no colo de minha mãe.
Olhei para Fabiano e tive a sensação de que era a última vez que o veria.
Minha vida estava no fim.
Na estrada, Samuel corria feito louco, e eu pedia desesperada que
andasse mais devagar. Ele ria e dizia:
- Relaxa meu amor!! Aproveita a viagem!!!!!!
Eu suava frio dentro do carro, a velocidade aumentava cada vez mais. A
polícia nos perseguia e eu torcia para que um milagre acontecesse e aquele
carro fosse interceptado pela polícia.
Resolvi fechar os olhos, mas tive que abri-los com o grito de Samuel:
- Pára de rezar!!! Aproveita a viagem! Já disse!
Eu chorava e pedia para que ele andasse mais devagar. Uma buzina chamou
minha atenção e eu gritei. Samuel tentara uma ultrapassagem arriscada que
acabou fazendo com que o carro capotasse. Fechei os olhos e pedi a Deus que
eu sobrevivesse àquele inferno para cuidar de minha filha ainda tão pequena.
As últimas cenas que eu me lembro de ter visto ainda nos sentidos da
carne, foram os policiais me retirando de dentro do carro devido ao forte
cheiro de gasolina e o carro se incendiando. Adormeci.
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